domingo, 24 de julho de 2011

Depois de Paris é a vez de Berlim remunicipalizar a água

Depois de Paris, que decidiu voltar a gerir a própria água não renovando o contrato com as multinacionais francesas Suez (1) e Veolia, agora é a vez de Berlim, que no dia 13 de fevereiro resolveu, para surpresa geral, dar um stop ao processo de privatizaçao da gestão hídrica.

Berlim quer a água pública. Convidados para votar os berlinenses decidiram pelo “sim” no referendo pelo anulamento da privatização parcial da sociedade de gestão dos serviços hídricos. Trata-se de uma vitória esmagadora: 98%, de um total de mais de 678 mil eleitores votaram por uma maior transparência dos contratos.
O referendo pedia a integral e imediata publicação do contrato com o qual em 1999 Berlim, para encher os cofres do Estado, vendeu 49,9% da empresa de gestão hídrica da cidade ((Berliner Wasserbetriebe)) à Rwe e Veolia. Segundo os defensores do referendum a partir daquele momento a conta da água na cidade teve um aumento de 35% e está entre as mais altas entre as cidades alemãs(2).
No mês de novembro de 2010,respondendo às reivindicações dos promotores do referendo a prefeitura de Berlim publicou cerca de 700 páginas do contrato de privatização parcial. Desses documentos emerge que a cidade garantiu altos margens de lucro à RWE e Veolia que, entre 1999 e 2009, ganharam mais do que Berlim, apesar da cidade deter 50,1% das ações da empresa de gestão hídrica (3).
Dorothea Härlin, do comitê referendário, sublinhou a importância internacional do sucesso do referendo e lembrou que não apenas os berlinenses mas os cidadãos do mundo inteiro lutam pela água.
Notas:
  • (1) – A Suez é a mesma multinacional francesa que em 2000 passou a gestir a “Águas do Amazonas” criando não poucos problemas à população de Manaus com aumentos da conta, endividamento das famílias e falta de água – e de água potável – gerando a CPI das águas de 2005 promovida pela Câmara de Vereadores
  • (2) – De 2001 até hoje a conta de água em Berlim aumentou 35% e atualmente é uma das mais caras da Alemanha. Na cidade um metro cúbico de água custa 5,12 euros, em Colonia, por exemplo, 3, 26.
  • (3) – Na parceria entre Rwe (companhia eletrica alemã) , Veolia (multinacional francesa da água) e Berliner Wasserbetriebe ( a empresa de gestão da água) a partir de1999 até hoje quem lucrou mais com o business da água foi mesmo a parte privada: 1,3 bilhões para Rwe e Veolia contra 696 milhões para a cidade de Berlim.

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